Isto vai passar

 


 


 

Isto vai passar

Estamos mudando nossos costumes. Seria apenas isto, mas as vidas perdidas farão muitas faltas, hoje é uma segunda-feira, apenas mais um dia puxado a reboque, pelo domingo.  A agenda está vazia para esta semana e esta rotina é mais cansativa, que uma agenda lotada. Resolvi escrever mais uma crônica, espero fazer alguma coisa mais leve. Bem vou falar da teia da aranha, quer coisa mais leve que uma teia de aranha? Se não der certo mudo de assunto e espero, que não os decepcione.

  A teia de aranha que ontem estava sobre nós, continua, está um pouco maior, se ninguém a removê-la, continuará crescendo. Aranhas não tem outra coisa para fazer a não ser urdir sem proveito algum.

Isto vai passar, afinal tudo passa e a única coisa que realmente temos de nossa, é o passado. Quando possuímos uma boa história para contar, podemos dizer com orgulho, vivemos. Nem sempre são os sucessos que marcam o passado. Vamos celebrar e que vivamos.  Quanto mais intercalada entre momentos bons e maus, mais rica é a nossa historia.

Do meu passado me orgulho, nasci para vencer barreiras saltei de um útero cauteloso, depois de sete anos de ensaio. Acredito, pressentia a quantidade de barreiras, que teria de enfrentar. Todos nós as enfrentamos. Embora algumas pessoas recusem a explorar suas capacidades e diante de algum obstáculo empacam ou recuam atrasando suas próprias vidas e a de quem fica ao seu lado por pena, gratidão ou para aplaudir a queda. Fui saltando ora com brilho no olhar, outras com lágrimas.  Mas “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, disse o poeta.

Ter este tempo de pandemia, para refletir sobre meu passado, foi bom. Descobri que minha alma é grande que abraça meus erros e acertos, com o mesmo carinho. Deles não me arrependo. Sei que poderia ter evitado alguns erros, mas quando somos jovens, erramos com tanta certeza, que não podemos jamais chamá-los de erros.

Quantas vidas se perderam nesta pandemia e quantas ainda vamos perder, talvez a minha esteja escalada, para ser a próxima, tenho tomado os cuidados recomendados e seguido quase, com rigor total, às recomendações da saúde, quase! Não fosse pelo meu compulsivo gosto de escrever e ler, teria sido impossível, cumprir a recomendação dos carcereiros: “Fique em casa”. Fiquei o tempo de ler doze livros, reler três, fazer estudos e pesquisas. Li muitos artigos recomendados por amigos escritores, para aprimorar o meu processo criativo. Espero sair desta pandemia melhor do que entrei.  Se sair, quero ter a certeza de que, fiz o que pude, para ser melhor como escritora e principalmente, como ser humano.

Sinto meu coração mais leve, meu amor ampliado, uma vontade danada de abraçar meus irmãos. A diferença de idade entre meu irmão, minha irmã e eu é bem grande, eles são filhos do segundo casamento do meu pai e após a morte do nosso pai, fomos nos distanciando. Minha madrasta seguiu criando seus filhos e eu os meus. Não tive muito tempo para sentir o quanto eram importantes, para mim. Minha vida estava ocupada demais, as deles, não sei. Não sei por quanto tempo, não quis olhar para trás, poucas vezes procurei saber como viviam. Foi muito cômodo, para mim, sempre confiar, que estavam bem. Hoje sei que assim como eu, sobreviveram suas dificuldades. Orgulho-me muito disto, mas reconheço que o mérito da vitória é do vencedor e venceram suas barreiras. Cabe-nos apenas aplaudir. Cada um de nós recebeu como prêmio, filhos e netos lindos.

Agora estamos unidos e trocando confidências normais de irmãos. Obrigada Senhor Deus e leve para longe do nosso planeta esse vírus. Dê-nos a oportunidade de reorganizar o mundo, com muita paz, amor e alegria.

Emília Goulart

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