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Mostrando postagens de 2022

Sonhos não tem acabamento

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    Sonhos não tem acabamento Ai...ai! A preguiça está buscando refúgio em mim. Não sei se é o clima mais fresquinho pedindo agasalhos ou a constatação de que outro inverno já passou. Em Julho fiquei mais idosa. De uns tempos para cá os anos começaram a acelerar seus passos e tem me provocado para uma competição desleal. Passou por mim os anos apressados dos sessenta, não respeitou a sinalização: “Devagar”. Acelerou, encostou-se aos setenta e já se aproxima da curva perigosa. Não possuo o mesmo vigor para alcançar objetivos elevados tais como o menosprezo ao tempo veloz. A preguiça me abraça. Doutor, por favor chame o guincho, mas não recue a linha de chegada que está aos noventa.   Hoje dou mais atenção para minha saúde. Ainda bem que guardei boas lembranças para desfiar na minha cadeira de balanço. Pensamentos utópicos me pressionam, um deles seria parar o meu relógio biológico. O outro mais utópico, resgatar princípios que se perderam. Pesquisei a respeito, mas, só encontrei p

Travessuras

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    Travessuras  Todas minhas travessuras infantis conspiravam para que eu me tornasse escritora. O carinho, a paciência e a criatividade do vovô Marco, muito contribuíram. Suas historias contadas aos ouvidos atentos dos netos ao redor do fogão de lenha, eram criadas enquanto suas mãos teciam esteiras para carros de bois, outras eram modificadas, ele tinha umas três versões diferentes para cada clássico: João e Maria, Gata borralheira, Branca de neve; não tinha propagandas   nem intervalos, mas vovô não admitia cochilos intercalados . Este era o sinal para a hora de dormir.       Suas versões eram divertidas, todas as noites histórias e causos uniam os netos entorno dele e do calor aconchegante do fogão de lenha que aquecia a cozinha nas noites frias. Esta não é uma história compreendida por leitores jovens a não ser que estejam dispostos a se embrenharem por uma mata densa de artigos e contos do começo do século vinte, para se encontrarem com lobisomens, sacis, carros de bois que g

Coisas do saci eu vivi

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  Coisas do saci eu vivi   Naquele tempo, Papai Noel entrava pelas chaminés, mula-sem-cabeça era real, e o saci vivia ali pelo campo se escondendo em moitas de bambu, quando o vento soprava forte, era fácil ouvir o chamado da sua flauta. Isso era um sinal de perigo, porém, aquele assobio que vinha das moitas de bambu atraia as crianças para suas aventuras e aqueles ouvintes atentos se juntavam armados de estilingues, bolinhas de argila e embornais. Armados, saiam aos pares, na caça ao saci. Eram personagens das próprias histórias. Oculta na mata cinzenta da memória, esta história como a ouvi ou vivi emerge das cinzas do bambuzal. Foi na Rua Rui Barbosa, de uma pequena cidade do interior de São Paulo que nasci.       No final da rua as casas e as vendas davam espaços para as chácaras, que ficaram conhecidas pelos nomes dos proprietários, Chácara do Zezico, do Messias, do Dito Carreiro e outras.       Quando nasci encontrei uma família formada por meus pais, meus avos e meus

Por linhas tortas

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    31-1-2022 Manhã chuvosa, o tempo está assim há uns três dias e a preguiça se cansou da cama, mas parece que não quer despertar. Na coberta velha, onde Deus escreveu minha história, me enrolo. Não sei que língua ele usou ou se é mesmo como dizem, Ele escrevia certo por linhas tortas. Nunca dei conta de interpretá-lo. Fui segundo minha vontade seguindo as setas, quando não aceitava as indicações apontadas virava a seta e seguia em sentido oposto. No início de 1958 eu virei a seta mais importante da minha vida. Fechei o curso de contabilidade sem nenhuma outra ideia conclusiva a não ser a de seguir o rebanho que havia se debandado para um curso que abriria portas para diversas carreiras. Em casa minha mãe insistia: começou vai até o fim, você é nova depois faz outra coisa. Meu pai sempre o bonzinho e compreensivo: deixa a menina, ela não quer... e   pronto. Acho que ele tinha preguiça de discutir comigo meu ponto de vista. Deus lá de cima não se mostrou muito satisfeito.   Eu