Eu quero ser melhor
Eu quero ser melhor Andam me dizendo que estou falando muito em velhice. Às vezes é preciso falar alto para que a verdade salte ao olhar opaco dos idosos e mostre que estamos ultrapassando os limites de tolerância dos filhos, amigos e cuidadores. Estou aproveitando minha velhice para aparar arestas e arrancar algumas pragas que brotam sem controle. Ainda restam muitos preconceitos para serem eliminados da minha vida. Posso até eliminar algumas rugas, manchas, tingir os cabelos, fazer alguma plástica e mesmo assim ver que os anos passaram, as rusgas internas seguem as rugas externas tornando-as mais evidentes e esse reconhecimento é doloroso para todos. Posso viver outros oitenta, mas, pecar como aos sete, dezessete, vinte e sete, trinta e sete... Nunca mais. Os pecados que me encantavam não me encantam mais, ridículos se tornaram. O tempo os desencantou. A velhice acumula alguns sintomas cruéis e outros revoltantes. A dependência nos tornam duros insensíveis, a doce criatura que